Dados do 4º trimestre de 2017 incluem trabalhadores desocupados, mas que
poderiam trabalhar, e também aqueles que trabalham menos de 40 horas por
semana.
Faltava trabalho
para cerca de 26,4 milhões de brasileiros no quarto trimestre de 2017, de acordo
com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) trimestral divulgada
nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Esse número representa os trabahalhadores subutilizados no país, grupo que
reúne pessoas que poderiam trabalhar, mas estão desocupadas, e aqueles que
trabalham menos de 40 horas semanais.
(Correção:
O IBGE divulgou que o número de subutilizados somava 26,3 milhões de pessoas no
Brasil. Cerca de 45 minutos depois, corrigiu a informação para 26,4 milhões.)
O índice de
subutilização atingiu 23,6% da força de trabalho no quarto trimestre de 2017,
uma queda em relação trimestre anterior, de 23,9%, mas ainda acima do
registrado no mesmo período do ano passado, de 22,2%.
São considerados
trabalhadores subutilizados:
·
desempregados:
não trabalham, mas procuram empregos nos últimos 30 dias
·
subocupados:
pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar
mais
·
força de
trabalho potencial: grupo que inclui os desalentados (que desistiram de
procurar emprego) e pessoas que podem trabalhar, mas que não têm
disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para
cuidar os filhos.
Desempregados
A taxa de
desemprego vem caindo no Brasil ficou em 11,8% no quarto trimestre do ano, 0,6
ponto percentual abaixo dos valores registrados três meses antes. Cerca de 12,3
milhões de brasileiros estavam desocupados no fim do ano.
Subocupados
A taxa de
subocupados no quarto trimestre foi de 18%, abaixo do registrado no trimestre
anterior (18,5%), mas ainda acima do que patamar do quarto trimestre do ano
anterior (17,2%).
Jorgina Cordeiro Muniz, de 38-anos,
trabalha apenas 4 horas por dia, mas gostaria de trabalhar ao menos o dobro
para ter renda maior (Foto: Daniel Silveira/G1)
Mãe de quatro
filhos, a promotora de vendas Jorgina Cordeiro Muniz, de 38 anos, é um exemplo
de trabalhador subocupada. Após dois anos desempregada, ela conseguiu ser
contratada para distribuir jornal de circulação gratuita pelas ruas do Rio. Sua
jornada diária de trabalho é de 4 horas por dia – 20 horas semanais -, sempre
pelas manhãs.
“Eu não só posso
trabalhar mais, como quero trabalhar mais. Preciso muito complementar minha
renda”, afirmou.
Sem ocupação
após o meio dia, Jorgina busca trabalhos diversos, os chamados bicos, para lhe
garantir um complemento de renda. Nesta semana, ela conseguiu uma oportunidade
de distribuir nas ruas da cidade panfletos de uma rede de alimentação carioca.
Mas, ela confessa que gostaria de ter uma ocupação fixa que lhe rendesse maior
renda sem ter de se dividir em mais de uma atividade.
"Pra mim,
hoje, é melhor fazer só 4 horas e poder pegar outros serviços. Mas eu estou
querendo mesmo é outro trabalho de carteira assinada que me pague melhor",
revelou.
Desalento
Aqueles
trabalhadores que desistiram de procurar emprego deixam de fazer parte da
população desempregada do país e passam a compor o que o IBGE classifica como
"desalento". Ou seja, alguém que pode e quer trabalhar, mas não
procurou emprego nos últimos 30 dias.
Os dados do IBGE
mostram que existiam 4,3 milhões de pessoas nessa condição no Brasil no quarto
trimestre de 2012, o maior contingente registrado desde 2012, quando começou a
série histórica da pesquisa.
De acordo com o
coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, o desalento está
diretamente relacionado ao desemprego. “Se a desocupação está alta, o desalento
também fica alto. A pessoa desalentada acha que é muito nova ou muito velha
para trabalhar, ou que não tem experiência, ou acha que não tem vaga".
"Ela
ouve falar tanto em desemprego, que fica desestimulada a procurar emprego”.
Trabalhador potencial
A dona de casa Teresa Kelma Oliveira,
de 37 anos, está fora do mercado de trabalho há 3 anos para cuidar da filha e
da neta (Foto: Arquivo pessoal)
Entre os
subutilizados, o IBGE conta também aqueles que gostariam e tem condições de
trabalhar, mas, por algum motivo, não tem disponibilidade.
É o caso da dona
de casa Teresa Kelma Oliveira, de 37 anos, fora do mercado de trabalho há 3
anos. Ela gostaria de trabalhar, mas precisa se dedicar aos cuidados da filha
caçula e da avó.
“Quando eu
trabalhava, quem tomava conta da minha filha caçula era o meu filho do meio. No
mês seguinte à minha demissão, ele começou a trabalhar e eu fiquei sem ninguém
para cuidar dela. Depois, cheguei a procurar emprego, mas sem sucesso, e depois
não tentei mais porque eu não poderia aceitar por conta da minha filha”, conta.
Teresa enfatizou
que ainda hoje ela não tem condições de assumir um trabalho. “Quando minha mãe
estiver em casa, quando ela se aposentar, eu vou me sentir mais segura para
voltar ao mercado de trabalho”, disse.