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domingo, 13 de abril de 2025

Donald Trump’s China trade war a ‘boon’ for Brazil but sends US farmers reeling - A guerra comercial de Donald Trump com a China é uma "bênção" para o Brasil, mas deixa os agricultores dos EUA cambaleando

 


Compilação do Grupo Ibicaraí com base em informações de agências de notícias.

Brasil começa a ganhar o jogo do comércio de soja:  China deixa de comprar dos Estados Unidos.

Mas os brasileiros não querem ficar dependentes apenas da China como único grande comprador de soja.

Nova guerra comercial entre EUA e China derruba exportações americanas e impulsiona Brasil como maior fornecedor de soja.

Setor agrícola dos EUA teme falência em massa, enquanto Brasil aproveita janela estratégica com demanda recorde da China.

A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu em cheio o setor agrícola americano, especialmente os produtores de soja. 

Desde o anúncio do presidente Donald Trump, que elevou para 125% as tarifas sobre produtos chineses, Pequim respondeu com uma tarifa de 84% sobre bens americanos — incluindo a soja, principal item exportado pelos EUA ao gigante asiático. 

A retaliação deixou a commodity americana praticamente inviável para o mercado chinês, que rapidamente se voltou ao Brasil.

Segundo fontes do setor, empresas chinesas compraram, apenas nos primeiros dias desta semana, cerca de 2,4 milhões de toneladas de soja brasileira — o equivalente a 40 cargas. 

A operação foi feita em ritmo atípico, antecipando embarques entre maio e julho, período em que, historicamente, os chineses recorrem aos estoques americanos após o fim da safra sul-americana.

Caleb Ragland, presidente da American Soybean Association (ASA), descreveu o momento como “alarmante”. 

Segundo ele, a China respondia por um quarto da produção nacional de soja. “A cada quatro fileiras de soja que plantamos, uma ia direto para a China”, disse o produtor do Kentucky. 

Ele alerta que a perda dessa fatia de mercado pode ser permanente. “A guerra comercial de 2018 já nos custou 9% da nossa participação de mercado, e o Brasil preencheu esse espaço com investimentos em infraestrutura, portos e ferrovias. Não conseguimos recuperar.”

Brasil assume protagonismo e amplia exportações.

O Brasil, já líder global em exportação de soja, acelerou sua vantagem. Dados da Abiove projetam que o país deve exportar 98 milhões de toneladas em 2025, com mais de 60% destinadas à China. 

A recente valorização do farelo de soja no mercado chinês — insumo essencial na ração animal — elevou a margem de lucro dos processadores chineses e tornou o grão brasileiro ainda mais competitivo, apesar dos custos logísticos maiores.

Desde o início das tensões comerciais em 2018, a fatia dos EUA nas importações alimentares da China caiu de 20,7% para 13,5%, enquanto a do Brasil subiu de 17,2% para 25,2%, consolidando a dependência de Pequim ao agronegócio sul-americano. 

Com isso, os preços da soja brasileira passaram a ser negociados com prêmio de até US$ 1,15 por bushel em relação à americana, revertendo o histórico de descontos.

Setor agrícola dos EUA vê riscos de colapso.

Nos EUA, a crise acendeu o alerta vermelho. A ASA calcula que 71% dos US$ 27 bilhões em perdas da guerra comercial anterior vieram da soja. 

A associação de produtores de Iowa — segundo maior estado produtor — já pressionou a Casa Branca por medidas emergenciais, como subsídios e a abertura de negociações com compromissos obrigatórios de compra por parte da China.

“Precisamos de mercado, não de cheque”, afirmou Kenneth Hartman Jr., da National Corn Growers Association. 

Segundo ele, os produtores estão plantando sob enorme incerteza, considerando até mudar para o cultivo de milho ou trigo, o que pode afetar o equilíbrio de outros mercados.

Em seu primeiro mandato, Trump liberou US$ 28 bilhões em ajuda aos agricultores. Agora, o cenário é ainda mais desafiador, e há temor de que o novo pacote não seja suficiente para conter uma onda de falências. “Isso é uma bomba-relógio para estados do cinturão agrícola, como Iowa, Indiana, Ohio e Louisiana, bases eleitorais do próprio Trump”, alertou Brent Swart, da Iowa Soybean Association.

Dependência da China também preocupa o Brasil.

Apesar do boom nas exportações, analistas alertam que o Brasil não deve se acomodar com a bonança. “A dependência excessiva da China pode ser uma armadilha no longo prazo”, aponta relatório do Cepea/USP. 

Caso haja crise de demanda ou mudança política em Pequim, o impacto para o Brasil pode ser severo. A alta demanda também pressiona a logística nacional, ainda marcada por gargalos em portos e estradas.

O governo chinês, por sua vez, já sinalizou intenções de diversificar ainda mais seus fornecedores. Além de Brasil e Argentina, Pequim tem mantido conversas com Paraguai, países africanos e membros da ASEAN. 

Também há incentivo à produção doméstica de oleaginosas como amendoim e canola, embora em escala ainda insuficiente.

Geopolítica desafia estabilidade do agro global.

Com a reeleição de Trump em 2024 e sua política comercial agressiva, o ambiente para o agronegócio global se tornou volátil. 

As tarifas dos EUA já impactam também as exportações para a União Europeia, que prepara resposta com taxas de 25% sobre soja, carne e frango americanos. 

A disputa por grãos tende a se intensificar, com risco de escassez e inflação em alimentos para países dependentes de ração animal, como os europeus.

Enquanto isso, o Brasil tenta capitalizar o momento com investimentos em infraestrutura e tecnologia, mas enfrenta o desafio de equilibrar crescimento com diversificação de mercados e sustentabilidade.

A guerra comercial redesenha a geopolítica agrícola global. E apesar de o Brasil se beneficiar no curto prazo, o alerta está dado: depender demais de um único comprador — ainda que lucrativo — pode se tornar um jogo perigoso.

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