Casal foi detido por tirar filho com tumor de hospital e levá-lo para Espanha.
Objetivo da remoção era oferecer melhor tratamento à criança, disse pai.
Os pais do menino Ashya King, de 5 anos, que foi retirado de um hospital do Reino Unido e levado para a Espanha, disseram nesta quarta-feira (3) que tomaram a decisão de interromper o tratamento fornecido pelo sistema britânico porque acreditavam que os médicos “matariam o garoto ou o deixariam em estado vegetativo”.
Brett King e Naghermed King concederam entrevista um dia após terem sido libertados da prisão. Os dois foram detidos a pedido das autoridades britânicas, sob alegação de negligência, e mantidos em uma prisão nos arredores de Madri. Mas a promotoria britânica anunciou que retirou o mandado de prisão europeu contra eles.saiba mais
King atendeu a imprensa no escritório de seu advogado para apresentar sua versão do rocambolesco caso que agora parece ter chegado a seu fim. "Vim para cá, para a Espanha, para vender uma casa e pagar o tratamento particular para meu filho", afirmou. "Os médicos na Inglaterra disseram que não iam arcar com o tratamento, mas sabiam que eu pagaria quando tivesse vendido minha casa", enfatizou. "A polícia não sabia disso e nos perseguiu, nos prendeu e disse que éramos criminosos, quando apenas tínhamos o interesse de nosso filho e seu bem-estar na cabeça", lamentou ainda.Eles justificaram o comportamento ao dizer que um tipo de tratamento para o câncer de Ashya, conhecido como "protonterapia", não estava disponível no sistema público de saúde do Reino Unido. O garoto está em tratamento em um hospital de Málaga, no sul da Espanha.
Segundo o pai da criança, o casal foi "caçado pela polícia como terroristas" e que os dois estão desesperados para ver o filho, que tem poucos meses de vida, segundo os médicos. “Eu ficaria feliz em passar anos na prisão se conseguisse interromper um tratamento que iria matar ou deixar meu filho em estado vegetativo. Faria tudo de novo”, disse ele, emocionado. Eles ainda vão reencontrar Ashya ainda nesta quarta.
Petição
Os pedidos pela liberação dos King ganharam força desde sábado, quando o casal foi detido na Espanha. Mais de 180 mil pessoas assinaram uma petição on-line. Um dos criadores da petição, Ethan Dallas, de 16 anos, diz ser amigo de um dos irmãos de Ashya.
Segundo Dallas, a família King não havia recebido o tratamento adequado neste caso, e os pais do menino apenas buscavam o melhor tratamento disponível para ele.
O plano de cancelar o pedido de prisão foi elaborado por promotores em uma audiência na Prefeitura de Portsmouth, em que era solicitado que Ashya fosse colocado sob custódia da Justiça. Antes da audiência, o chefe de Polícia de Hampshire, Andy Marsh, disse em uma carta que o pedido de prisão só havia sido feito para auxiliar nas buscas pelo garoto.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, parabenizou os promotores pela decisão.
"É importante que o garoto seja tratado e receba o amor de sua família", disse ele em sua conta no Twitter.
Protonterapia
Em um vídeo publicado no YouTube, o irmão de Ashya, Naveed King, afirmou que seus pais haviam assegurado que o menino teria os mesmos recursos do hospital onde estava sendo tratado no Reino Unido.
A terapia de feixe de prótons custa entre 60 mil a 65 mil libras (R$ 225 mil a R$ 243 mil). Segundo a polícia espanhola, Brett e Naghemeh não foram acusados por crimes no país. Outro irmão de Ashya, Danny, afirmou que a família vem sofrendo por não poder visitar o menino no hospital.
"Ashya só tem ao seu lado um gravador, que reproduz nossa voz. Agradeço aos médicos por entender que é importante para o meu irmão ouvir a nossa voz", disse Danny. "Nunca poderíamos imaginar que tudo isso fosse chegar a esse ponto; nós só queremos o melhor para Ashya."
"Não somos irresponsáveis; sabemos que a vida dele será menor do que a de muitas outras crianças. Queremos apenas que ele tenha qualidade de vida. Fizemos várias pesquisas sobre quais tratamentos poderíamos oferecer a Ashya – eu sei que os efeitos colaterais da terapia com feixe de prótons são menores e ele teria uma vida mais ou menos igual a outras crianças de sua idade. Sabemos, no entanto, que não é um tratamento milagroso", acrescentou.
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