Mesmo com pouca quantidade de água, é possível montar um sistema de captação da chuva para reuso em casa. Com um simples projeto com calhas, filtro e reservatório, dá para utilizar essa água para lavar o quintal e o carro, regar as plantas ou ainda para descarga. A água de reuso, no entanto, não é potável, ou seja, não pode ser consumida ou ser usada para banho e nunca deve ser misturada com a tratada.
Antes de montar o sistema de reaproveitamento, é preciso pensar se o local onde será feita a instalação tem índices de chuva que justifiquem o investimento. Por mais básico que seja, um profissional qualificado deve ser consultado e fazer o projeto seguindo as normas brasileiras de reaproveitamento. É ele quem vai calcular quais produtos devem ser comprados e como serão montados.
O custo varia de R$ 3 a 9 mil para o sistema com cisterna ou caixa d'água, calhas e filtros, segundo pesquisa feita pelo G1 em três redes de lojas que vendem os produtos na Grande São Paulo. O preço, no entanto, pode ser mais alto dependendo da área do telhado, o tamanho do reservatório escolhido e outros acessórios complementares, como um conjunto de sucção que capta a água mais limpa, que está na superfície, ou mais em conta se a escolha for uma estrutura mais simples e compacta.
O primeiro passo é instalar as calhas no telhado. São elas que vão direcionar a água que cai na cobertura para um tanque ou cisterna (reservatório subterrâneo). Depois, é preciso ver onde será feito o tratamento. O sistema é formado por um filtro, telas ou grelhas, que barram boa parte da sujeira que desce do telhado com a água, como folhas, gravetos e fezes de animais.
A recomendação também é dispensar o primeiro escoamento se a chuva ocorrer após um longo período de seca. Isso garante menor concentração de sujeira e melhor qualidade da água de reuso. O volume de descarte, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), deve seguir a proporção de 10 litros para cada 10 metros quadrados de cobertura.
Depois disso, o restante da água pode seguir para o reservatório. O tamanho da caixa ou da cisterna deve levar em conta os índices de chuva na cidade e o número de moradores da casa. Para uma família de classe média com cinco pessoas em uma cidade com período máximo de 10 dias sem chuva, o ideal é um reservatório de no mínimo 2 mil litros, de acordo com o IPT.
Já no tanque ou cisterna, deve ser feita a desinfecção da água por causa da presença de micro-organismos que não foram barrados na filtragem. Pode ser usado cloro, ozônio ou raios ultravioleta. A escolha deve ser feita com a ajuda de um profissional, que entenda a necessidade e o custo benefício do produto. Depois de tratada, a água precisa ser enviada, por bomba, para uma caixa d’água separada à de água potável no telhado para a utilização em descargas, por exemplo.
Para todos os bolsos
O representante comercial Luis Justo mora na Granja Viana, na Grande São Paulo, e usou a experiência com construção civil para montar o sistema na casa onde mora com a esposa e a filha. O gasto foi de R$ 5,5 mil com cisterna, filtro, bomba e calhas, e já construiu a churrasqueira e salão de festas do terreno com um telhado de 120 m² pensando na captação da água da chuva (assista no vídeo abaixo).
"Antes a gente via aquela água toda indo embora e dava uma dor no coração. Agora a gente está podendo economizar e reutilizar a água para regar as plantas, lavar carro, encher a piscina...", disse. Em duas chuvas fracas em agosto, ele conseguiu armazenar 3,5 mil litros de água.
Se o reuso for para regar plantas, lavar o quintal e o carro, e encher a piscina, também dá para conectar um cano à torneira na área externa da casa. Em instalações mais simples, é possível guardar a água em um tanque, devidamente tampado, ligado diretamente em uma mangueira. Nesse caso, a capacidade de armazenamento será menor, mas vai reduzir os custos com bombas ou canos.
Esse foi o caso do programador de computador Lincoln Szebeni. Ele mora em São Mateus, na Zona Leste da capital paulista, e decidiu criar um sistema mais simples para economizar e poder reutilizar a água da chuva para lavar o quintal de casa. "A minha esposa não queria que quebrasse parede. Então eu bolei na cabeça um sistema simples. Comprei o tambor, os canos de PVC e a tela para filtrar a sujeira. Os canos eu só conectei na calha, porque já tinha", detalhou. A imagem do sistema (veja ao lado) foi enviada por Szebeni pelo VC no G1.
Ele também adaptou uma torneira ao tambor, com capacidade para 200 litros, e conectou uma mangueira para limpar o quintal. O reservatório tem tampa e fica bem fechado, para evitar a proliferação do mosquito da dengue. O custo com os itens foi de pouco mais de R$ 100. "Se eu quiser, dá pra colocar cinco tambores para armazenar água. Se não tiver água, dá pra jogar no vaso sanitário". Quando a água de reuso da chuva não é suficiente, ele reutiliza a água da máquina de lavar roupa que recolhe em baldes.
Cuidados
Todos os reservatórios precisam de limpeza periódica e por isso devem ter um "ladrão", para escoamento da água na remoção da sujeira que ficou no fundo e também no caso de chuva acima da capacidade de armazenamento. O intervalo da limpeza vai depender da rotatividade do uso. A desinfecção, no entanto, é a mesma.
Também é muito importante fazer a separação do que é água tratada, enviada pela companhia de distribuição, e o que será de reuso. As caixas devem ser diferentes. Uma dica é identificar os reservatórios e torneiras, além de pintar as tubulações com cores diferentes para não causar confusão.
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