CÂMARA DE IBICARAÍ

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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Aos 87, 'craque frustrado' pode ser voluntário mais velho das Olimpíadas

G1 conversou com 3 dos 240 mil candidatos; 70 mil serão escolhidos.

Aposentado foi proibido pelo pai de seguir carreira no futebol há 70 anos.

Lívia TorresDo G1 Rio
Gilvan Lacerda é o candidato a voluntário mais velho das Olimpíadas (Foto: José Raphael Berrêdo / G1)Gilvan Lacerda é o candidato a voluntário mais velho das Olimpíadas (Foto: José Raphael Berrêdo / G1)
Apaixonado por futebol, o aposentado Gilvan Lacerda era bom de bola, mas foi impedido de jogar profissionalmente pelo pai 70 anos atrás. Ouviu que o esporte era “coisa de vagabundo”. "Craque frustado", perdeu a chance de lutar para disputar uma grande competição internacional, mas aos 88 anos, que completará em 2016, pode conquistar um título nas Olimpíadas do Rio: o de voluntário mais velho dos jogos. Para isso, precisa ser um dos 70 mil candidatos escolhidos entre os 240 mil inscritos – todos mais jovens que ele.
"Com 17 anos eu treinava pelo Bangu. Num determinado momento, meu pai tinha que assinar um documento para eu virar profissional, mas ele não quis autorizar. Apesar de ter jogado no Bangu, torço pelo América por causa de um amor de infância – o nome da menina era América. Desde então, não mudei de time, nem encontrei mais a menina. Vamos ser olhados por 4,5 bilhões de pessoas, o esporte é alegre, as pessoas praticam com alegria. Eu torço, sou fanático, e quero ver a alegria do povo, das pessoas que vão se reunir nesse momento", revela.
Definição em novembro
A um ano do início do evento, o G1 conversou com Gilvan e mais dois candidatos a voluntários: o ex-atleta paralímpico de natação Mauro Bernardo Oliveira, de 51 anos, e a estudante Paula Oliveira, de 21, a voluntária que recebeu a carta-convite número 1.

Ao todo, 60% dos inscritos são brasileiros e 40%, estrangeiros. As mulheres são maioria: 55%. A Região Sudeste domina a lista: 70% dos candidatos. Todos os voluntários serão definidos em novembro deste ano.

De acordo com o Comitê Olímpico Rio 2016, para ser escolhido, o voluntário precisa saber trabalhar em equipe, se relacionar bem com diversidade, ser comprometido, demonstrar alegria e saber celebrar com responsabilidade. As inscrições terminaram no fim de 2014.

Gilvan não quis se inscrever pela internet e foi pessoalmente até um prédio na Central do Brasil efetuar sua candidatura. Diz que dispensou a web por pura rebeldia, já que tinha convicção de que não "dariam bola para um idoso". Ele confessa que não teve oportunidade de aprender outras línguas, mas diz que contribuirá muito com o português.

Mauro Bernardo Oliveira é ex-atleta e já participou de 2 paralimpíadas (Foto: Arquivo Pessoal)
Mauro Bernardo Oliveira é ex-atleta e já participou
de 2 paralimpíadas (Foto: Arquivo Pessoal)
"Eu vi na televisão quando estavam recrutando voluntários e minha mulher estava comigo. Ela disse que seria uma coisa boa para mim. Eu não quis internet, fui pessoalmente lá porque quis ver as coisas como elas são. Expliquei a uma menina, falei que tinha 86 anos [na época da inscrição] e ela me disse ‘você é o cara’. Com minha falta de modéstia, eu faço coisas que uma pessoa de 40 anos não faz."
Ex-atleta veterano de Paralimpíadas
O ex-atleta paralímpico de natação Mauro Bernardo participou de duas Paralimpíadas – Seul (1988) e Barcelona (1992). Professor de educação física, tem mais de dez anos de experiência como coordenador geral de esportes adaptados nas Vilas Olímpicas do município do Rio.

"Conheço a necessidade e o quanto o voluntário ajuda. Ele leva material, informação. Durante as competições, o atleta e as pessoas ficam perdidos e o voluntário é superimportante desde o aeroporto até a hora de ir embora. É ele quem bota a mão na massa. Decidi me inscrever porque queria estar junto e já estou velho pra ser atleta", brinca.
"Acho que tem muita coisa que teremos dificuldade. Turistas e atletas que veem de fora também querem conhecer o local, ainda mais no Rio, que todo mundo quer passear. As pessoas com deficiência vão ter dificuldade, já que temos muitos problemas, como rampas de acesso"
Mauro Bernardo Oliveira, ex-atleta
paralímpico e candidato a voluntário
A vida de Mauro sempre esteve ligada ao esporte. Aos 10 anos, começou a praticar poloaquático no Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte do Rio, região onde mora até hoje. Aos 20, médicos detectaram um angioma comprimindo sua medula, o que o deixou paraplégico. Por ser cadeirante, Mauro avalia que a acessibilidade do Rio ainda deixa a desejar em relação a outras cidades que sediaram os jogos.
"Acho que tem muita coisa que teremos dificuldade. Turistas e atletas que veem de fora também querem conhecer o local, ainda mais no Rio, que todo mundo quer passear. As pessoas com deficiência vão ter dificuldade, já que temos muitos problemas, como rampas de acesso. As Olimpíadas já são ano que vem, deveria existir uma divulgação dos jogos paralímpicos maior", avalia.
Paula durante evento-teste no Maracanãzinho (Foto: Arquivo Pessoal)
Paula durante evento-teste no Maracanãzinho (Foto:
Arquivo Pessoal)
1ª carta-convite
A estudante Paula Oliveira, de 21 anos, foi a voluntária que recebeu a carta-convite número 1 (veja na reprodução abaixo) e a primeira a aceitar o trabalho nas Olimpíadas. Ex-atleta de vôlei, ela diz que está ansiosa e conta os dias para a chegada do Jogos de 2016.

"Eu sempre quis fazer trabalho voluntário, mas tinha medo, não sabia como seria, como eu seria tratada. No dia do evento-teste, no Maracanãzinho, foi maravilhoso. Quando colocamos a mão na massa, vimos que sem a gente não tem evento. Os voluntários são essenciais e todo mundo devia passar por uma experiência dessas", diz.
Além de dinâmicas de grupo, participou de palestras e passou por um nivelamento delínguas estrangeiras.

“Eu já falo inglês, tive aulas de espanhol na escola, mas todos passamos por um nivelamento quando entramos”, explica.

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