CÂMARA DE IBICARAÍ

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ex-açougueiro, MC Koringa quer 'levar funk à casa da família brasileira'

Autor de ‘Dança sensual’ e mais hits de novelas busca 'linha e educação'.
Ele também foi militar, jardineiro e começou a compor funk em videogame.

Rodrigo Ortega Do G1, em São Paulo

MC Koringa (Foto: Divulgação) 
MC Koringa (Foto: Divulgação)
Fábio Luiz de Jesus, o MC Koringa, já serviu exército por três anos para seguir o desejo do pai adotivo ex-militar. Também trabalhou em açougue de supermercado e foi jardineiro, enquanto tentava emplacar funks em rádios cariocas. Foi compositor de um frustrado projeto chamado Ninja do Funk. Só quando começou a produzir música usando um videogame e foi descoberto pelo DJ Malboro, deslanchou a carreira no funk que levou o Koringa para a trilha de novelas.

As letras sensuais, mas longe do funk "proibidão" ou mais ousado, já apareceram em “América” (“Pedala Robinho”, com San Danado), “A favorita” (“Tamborzão tá rolando”), “Fina estampa” (“Danada vem que vem”), “Avenida Brasil” (“Pra me provocar”) e está atualmente em “Salve Jorge” (“Dança Sensual”).
A linguagem moderada é uma estratégia do compositor. “A proposta sempre é entrar na casa da família brasileira pela porta da frente”, ele diz ao G1. O músico falou sobre o passado em outras profissões e sua admiração pelo "ritmo dos desfavorecidos, da classe C".
MC Koringa quer “que o funk se consolide como música popular brasileira". Em abril, ele gravou com Gaby Amarantos uma mistura de funk e tecnobrega que, segundo ele, ajuda a “pluralizar” o ritmo. Ele ainda planeja um DVD para o próximo semestre.
G1 - Como foi ouvir sua primeira música em uma cena de novela?
MC Koringa -
Foi em “América”, com a música “Pedala Robinho”, gravada em dupla com o San Danado. A música já tocava muito em um programa humorístico. Eu soube por amigos que a música estava tocando na novela e passei a acompanhar. Foi muito emocionante. Foi em uma cena de baile funk com a Raíssa [Mariana Ximenes], rodada no Scala.

Mc Koringa (Foto: Divulgação) 
Mc Koringa (Foto: Divulgação)
G1 - E seus pais e amigos, como foi a reação deles?
MC Koringa -
Meus pais não demonstravam nenhuma opinião a respeito. Eles são bem conservadores. Ficaram na deles. Minha mãe dava para sentir que estava feliz, mas meu pai nunca mostrou nenhuma emoção. Mas meus colegas ficaram felizes porque me viam batalhando desde 1996.
G1 - Seus pais continuam com essa visão?
MC Koringa -
De “Fina Estampa” para cá a coisa mudou um pouco. Não é que eles não aprovavam, mas tinham consciência de que o mundo da música não é sinônimo de estabilidade. Eles tiveram essa preocupação de eu me embriagar com o sucesso e puderam ver uma responsabilidade minha.
G1 - Como as novelas mudaram sua carreira?
MC Koringa -
É uma consolidação de um nome no mercado. Não só o mercado do funk porque quero fazer com que o funk se consolide como música popular brasileira. Quando criança, eu ouvia Roupa Nova, Djavan e outros fazendo parte de trilhas de novelas e entrando no cenário musical. Ter hoje essa oportunidade é muito importante para mim.
G1 - Por que você diz que quer consolidar o funk como música popular brasileira?
MC Koringa -
Para a quebra de um preconceito que existia contra o funk - era muito forte, hoje é mais fraco - e para abrir campo de trabalho dentro da vertente. Quando você supera o preconceito, trabalha mais em paz, e inspira jovens a serem como você, que busquem qualidade nas letras e na produção.
A proposta sempre é entrar na casa da família brasileira pela porta da frente. Quando você entra pela porta da frente, você tem que ter linha, tem que ter educação. Quero que pais aprovem, que os avós aprovem que os netos estão dançando."
MC Koringa
G1 - Pelo fato de estar em novelas, você busca fazer letras menos ousadas, sem palavrões como em funks 'proibidões' ou mais ousados?
MC Koringa -
A proposta sempre é entrar na casa da família brasileira pela porta da frente. Quando você entra pela porta da frente, você tem que ter linha, tem que ter educação. Quero que pais aprovem, que os avós aprovem que os netos estão dançando.
G1 - Você já disse que trabalhou em açougue. Foi seu único trabalho antes da música?
MC Koringa -
Antes disso eu prestei serviço militar por três anos, no Rio. Meu pai queria que eu seguisse a carreira militar. Larguei o exército justamente para fazer um trabalho de funk com Alexandre Frota, um projeto chamado Ninja do Funk. Eu compunha as músicas com mais dois amigos. Não deu certo, pois o projeto foi mudando de dançarinas.
G1 - Esse foi seu começo na carreira musical?
MC Koringa -
Não, quando eu era militar já tinha música tocando nas rádios. Mas eu ainda não sabia me vender. Depois disso, fui trabalhar no açougue de um supermercado, onde eu aprendi a profissão de açougueiro. Nessa época continuava com música tocando na rádio. Era uma trilogia chamada “Balança o bicho”. As pessoas ficavam me sacaneando no mercado, não acreditavam, falavam que se eu tivesse música no rádio não seria açougueiro.
G1 - E o açougue foi seu último trabalho além da música?
MC Koringa -
Ainda trabalhei como jardineiro um mês. Matei as plantas do condomínio todo, porque não sabia fazer isso. Voltei para o mercado musical. Aí aprendi a produzir música usando um videogame, porque não tinha recurso [para ter equipamentos profissionais]. O DJ Malboro me chamou para trabalhar com ele. Aí eu fiquei três anos com ele e passei a terceirizar meus serviços. E em 2005 surgiu a música “Pedala Robinho”. Por sugestão do Malboro, a gente montou a dupla [com San Danado]. De 2003 para cá eu vivo só de funk.
Quando eu vi que tinha um ritmo que abraçava pessoas com poucos recursos financeiros, falei que queria cantar funk. É o ritmo dos desfavorecidos, da classe C. Pensei: 'É isso que eu quero'."
MC Koringa
G1 - Desde quando você queria ser músico?
MC Koringa -
Desde quando eu vi Michael Jackson em 1983. Eu tinha três anos e senti uma energia diferente, eu queria ser artista. Meu pai queria, antes de militar, que eu fosse ator. Chegou a me levar para aulas de atuação. Mas eu sou muito tímido e acabou que não deu certo. Quando eu vi que tinha um ritmo que abraçava pessoas com poucos recursos financeiros, falei que queria cantar funk. É o ritmo dos desfavorecidos, da classe C. Pensei: “É isso que eu quero”.
G1 - Você teve dificuldades vivendo na Vila da Penha?
MC Koringa -
A situação não era maravilhosa, mas não chegou a ser ruim. Meus pais conseguiam que não faltasse nada dentro de casa. Teve a época do “macarrão com salsicha”. Mas até o meu primário, estudei em escola particular. Depois fui para pública. Não sofri muito por isso. Mas sofri preconceito por cantar funk, uma música de periferia, por andar nesse meio. Também por ser negro, não andar com roupa de marca, porque eu não era um playboy.
G1 - O Naldo já disse que tem pretensão internacional na carreira. Você também?
MC Koringa -
Quero fazer um som brasileiro tipo exportação, mas não preciso direcionar o que faço para a carreira internacional. Eu vejo Usher, Will.i.am e Kanye West, fazendo música para o país deles e o som se proliferando pelo mundo. Essa é a minha ideia, elevar a moral do funk brasileiro para o mundo.
G1 - Já tem algo fechado para colocar músicas em outras novelas?
MC Koringa -
Tenho algumas coisas prontas. Se entrar eu vou ficar muito feliz. É uma oportunidade de construir uma profissão muito bacana, consolidando meu nome no mercado. Tenho esposa e duas filhas. Tamires, de 13 anos, que mora com a mãe, e Ana Vitória, de 4 anos, da minha segunda e atual mulher, com a qual já estou há dez anos. E tenho pais ficando idosos.
O Rio é o pai desse filho [funk], mas o Brasil merece pegar no colo."
MC Koringa
G1 - Ainda mora com seus pais?
MC Koringa -
Não, moro na mesma rua deles. É difícil ver nossos pais chegando a certa idade. Se a gente sai de perto, parece que está abandonando. Eu continuo na Vila da Penha. Estou fazendo uma reforma em casa, onde eu produzo minhas músicas. Até quando der, pretendo continuar aqui.
G1 - Já pensa em um próximo disco?
MC Koringa -
Estou pensando em DVD para o segundo semestre. Estamos começando a pensar nos supostos convidados. Não pretendo fazer aqui no Rio. Quero fazer em Minas Gerais ou Espírito Santo. O Rio é o pai desse filho [funk], mas o Brasil merece pegar no colo.
G1 - Como foi a gravação nova com a Gaby Amarantos?
MC Koringa -
Eu recebi um convite para participar desse projeto dela que ajuda a pluralizar o funk. É funk com tecnobrega, é o Koringa na área dela. O tecnobrega tem algumas programações de funk. É um "melody" com modificações.

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