CÂMARA DE IBICARAÍ

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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Delcídio diz à PF que queria soltura de Cerveró por questões humanitárias

Ele disse ainda que Temer tinha relação próximas com ex-diretor preso.

GloboNews teve acesso ao depoimento que o senador deu nesta quinta.

Andreia Sadi
Da GloboNews, em Brasília


O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) disse em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (26) que queria a soltura do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró por "questões humantárias". Cerveró está preso no Paraná pela Operação Lava Jato. A GloboNews teve acesso ao depoimento dado por Delcídio aos policiais. O senador também falou para os policiais que tinha informações  de que o vice-presidente Michel Temer tinha relações próximas com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, também preso pela Lava Jato.
O senador foi preso nesta quarta-feira (27), em Brasília, sob a acusação de estar atrapalhando as investigações da Lava Jato. Uma gravação de conversa telefônica entre Delcídio e Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, serviu de base para a Procuradoria-Geral da República pedir a prisão.
Na gravação, Delcídio fala que iria procurar políticos, entre eles Temer, e ministros do STF para tentar influir no caso de Cerveró.
A conversa mostra também que o senador oferece R$ 50 mil mensais para a família do ex-diretor em troca de Cerveró não citar Delcídio em depoimento de delação premiada. Além disso, o senador oferece uma rota de fuga para Cerveró, que passaria pelo Paraguai até chegar à Espanha.
Perguntado pelos policiais se tinha algum interesse na soltura de Cerveró, Delcídio respondeu que sim, substancialmente por motivos pessoais, por conhecer a familia e ter trabalhado com Cerveró. O senador afirma que presumia o sofrimento a que, na opinião dele, vem sendo submetido Cerveró,  e que, por isso queria a soltura por questões humanitárias.
Delcídio também explicou aos policiais o trecho da conversa telefônica em que ele fala para o filho de Cerveró e para o advogado que o vice-presidente da República, Michel Temer, havia procurado o ministro do STF Gilmar Mendes para tratar sobre Jorge Zelada. Segundo diz Delcídio na conversa por telefone, Temer estaria 'preocupado' com Zelada.
No depoimento para a polícia, o senador afirma que citou Temer porque, segundo "informações que se tinham à época", o vice-presidente mantinha relações próximas com Zelada. Questionado sobre o que seria essa proximidade, Delcídio disse que preferia não responder.
A assessoria de imprensa de Temer, que também é presidente do PMDB, divulgou nota nesta sexta sobre a declaração de Delcídio. No texto, a assessoria diz que "Jorge Zelada foi levado à presidência do PMDB por estar sendo indicado para cargo na Petrobras, ocasião em que foi apresentado a Michel Temer. O presidente do PMDB não o indicou nem trabalhou pela sua manutenção no cargo".
Na nota, a assesoria diz que repudia as declarações do senador. "Portanto, o presidente do PMDB nega qualquer relação de proximidade com Jorge Zelada e repudia veementemente as declarações do senador Delcídio do Amaral.", completa o texto.
Pasadena
No depoimento aos policiais, Delcídio, que já ocupou cargo executivo na Petrobras, disse que conhece Cerveró desse período. Ele também afirmou que foi consultado pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, sobre uma possível indicação de Cerveró para a área internacional da estatal. Ele afirmou que se manifestou favoralmente à nomeação, por já conhecer o trabalho do ex-diretor.

O senador também disse que Dilma já conhecia Cerveró, de quando ela foi secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul.
Segundo Delcidio, a área de exploração de gás era bastante desenvolvida no Rio Grande do Sul e havia contatos permanentes entre diretoria de gás e energia da Petrobras, que era a diretoria onde trabalhava Cerveró no período, e a secretaria então comandada por Dilma.
O senador negou que tenha participado do processo para compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que deu prejuízo à Petrobras e é investigada pela Lava Jato. Cerveró era diretor da área internacional quando ocorreu a compra, em 2006. Delcídio já era parlamentar.
Ministros
O senador também respondeu aos policias sobre o trecho da gravação em que Delcídio diz para Bernardo que vai procurar ministros do STF para tratar sobre o caso Cerveró.

No depoimento, Delcídio relatou que essa foi uma forma de "confortar" Bernardo. O senador disse ainda que não procuraria os ministros, porque seria infrutífero.
Advogado de Cerveró
Os investigadores também questionaram Delcídio sobre a relação dele com o advogado de Cerveró, Édson Ribeiro, preso nesta sexta por também, segundo a PF, ter participado do esquema para prejudicar as investigações.

Delcídio confirma que nos últimos três meses manteve contato com Ribeiro. Segundo o senador, o advogado dizia que queria tratar de créditos que afirmava dispor junto à Petrobras.
Delcídio explica que Ribeiro pretendia que o senador intercedesse junto à estatal nos pagamento de honorários que o advogado estava com difuculdade de receber.

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