CÂMARA DE IBICARAÍ

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sábado, 1 de outubro de 2011

Remédio não é bala

Quem nunca ficou curioso para saber como o Viagra ou outros remédios para disfunção erétil influenciariam no desempenho na hora do sexo? E tem muita gente que tira a prova, experimenta “só para ver como é que é”, trazendo a tona uma nova preocupação: será que não é perigoso?

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Os especialistas repetem em coro que a resposta é sim. O uso recreativo desses remédios preocupa psicólogos e urologistas, porque eles são consumidos sem acompanhamento médico.

Em 2009, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo fez uma pesquisa entre seus alunos e descobriu 9% dos 167 alunos, entre 18 e 30 anos, que participaram do estudo disseram que usaram o medicamento sem que tivessem qualquer problema de ereção. Cerca de 60% adquiriram o medicamento em farmácias, sem receita médica, 20% obtiveram de amigos, e outros 20% por intermediários, ou seja, sem o intermédio de um médico urologista.

Curiosidade ou insegurança?
As razões para o uso do medicamento são: curiosidade, desejo de melhora no desempenho sexual e redução da ejaculação precoce. Mas a Dra. Carmita, fundadora do ProSex - Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, vê esse consumo crescente entre os jovens porque eles se obrigam a ter um desempenho mais eficiente do que seria natural na idade deles, ainda no começo da vida sexual.

“Eles estão inseguros”, diz a psiquiatra. "Querem garantir uma ereção bastante satisfatória, apesar da pouca experiência, e a possibilidade de ter várias relações num curto espaço de tempo, o que sem um remédio é fisiologicamente impossível."

Além da cobrança de si mesmo, a médica destaca outros dois fatores:

- Muitos desses jovens têm uma rotina muito puxada com trabalho e estudos; nas folgas, caem na balada como se não houvesse amanhã, muitas vezes exagerando na bebida e consumindo drogas. Na hora do sexo, o corpo não responde e eles apelam para os remédios.

- A mudança no posicionamento da mulher no sexo também afeta a insegurança, pois eles não estão preparados a lidar com as parceiras da nova geração. Os homens estão menos a vontade com parceiras mais experientes, mais ativas.

O que também pode acontecer é o caso do rapaz sofrer de alguma doença que pode causar a disfunção, como a diabetes, mas não saber e apelar diretamente para o remédio antes de consultar o médico. Muitas vezes apenas o tratamento para a doença já resolve o problema da impotência, sem que seja preciso o consumo de outros medicamentos.

Perigos
O Dr. Marjo Perez, urologista e professor da FCMSCSP, explica que a falta de acompanhamento de um profissional é preocupante porque esses remédios são contra-indicados no caso de doenças cardíacas e o jovem que toma pode não saber se tem algum problema.

Outro fato que assusta é que o consumo do remédio é geralmente feito com outras drogas, como álcool ou ectasy. Na pesquisa do FCMSCSP, por exemplo, o medicamento foi usado em 72% das vezes associado ao álcool. Não existem pesquisas sobre os efeitos do consumo associado das substâncias, então não se sabe o mal que isso pode causar no organismo.

Um dado interessante, ligado a esse consumo associado, é que em poucas quantidades o álcool pode até ajudar no desempenho na cama, já que relaxa, mas em grandes quantidades, por agir no sistema nervoso, a bebida prejudica, impedindo uma boa ereção. Isso remete à fala da Dra. Carmita Abdo, que chama atenção para o uso do remédio como compensação.

E existe ainda a dependência psicológica. Quem usa o remédio com frequência passa a imaginar que só com ele vai conseguir aquela relação sexual satisfatória, não consegue mais  ter uma ereção ou transar sem se medicar.

O tratamento nesses casos é a psicoterapia, que procura reassegurar o paciente, resgatar sua condição sexual e fazer ele voltar a acreditar em si.

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