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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Homem ganha prêmio 12 anos após perder bilhete premiado

“Perdi o bilhete. Acho que joguei fora, embolei. Não lembro onde que coloquei”, conta.

Imagine estar na mesma situação da Griselda da novela ‘Fina Estampa’? A vida inteira apostando nos mesmos números na loteria e, quando eles são sorteados... Cadê o bilhete?

Se essa história da novela vai ter final feliz,não se sabe. Mas e quando esses casos acontecem na vida real? E eles acontecem. Em Belo Horizonte, por exemplo, o gerente de uma casa de carnes, Ivanil Espíndola, sempre jogava nos mesmos números, até que um dia ele acertou os cinco números. E aí o que aconteceu?

“Perdi o bilhete. Acho que joguei fora, embolei. Não lembro onde que coloquei”, conta. Isso aconteceu 17 anos atrás, no Natal de 1994. “Eu olhei e vi cinco ganhadores e R$ 161 mil para cada um. Pensei assim: ‘Não estou rico, mas pelo menos vou tirar meu pé do atoleiro’. Mas quando eu cheguei na loja, em casa, para ver se eu achava o bilhete, não consegui encontrar. O gerente da Caixa falou: ‘Não tenho condição de te pagar. Só posso pagar com o bilhete. Sem o bilhete não tem jeito’. Caí em desespero”, lembra.



Foram 12 anos lutando na Justiça. E quem disse que o Ivanil aguentou esperar? “Eu achei que eu ia receber rápido, torrei um pouco do dinheiro. Gastei em coisas bobas mesmo, roupas mais bonitas, pizzaria. Ai eu fali”, conta.

Pois é, o Ivanil, que era empresário, dono do próprio açougue, depois de ganhar na loteria, teve que virar empregado. A Justiça tardou, mas pagou. Quatro anos atrás, ele conseguiu provar que era o ganhador mostrando várias apostas antigas feitas sempre na mesma lotérica e sempre com os mesmos números.

“Na época, ganhei R$ 342 mil, me parece, em 2007. Mas aí tive o custo com advogado, uma parte para a minha ex-esposa, muita dívida para pagar. Para mim, só sobrou a força do meu trabalho”, diz Ivanil.

O comerciante Cleber Garcia, do Rio Grande do Sul, até que foi cuidadoso com o seu bilhete premiado. Mas cuidadoso demais: “O bilhete estava amassado, então eu coloquei o ferro de passar roupas por trás, só que eu não sabia que o bilhete ficava preto. Eu passei o ferro para ficar lisinho o bilhete e no final fiquei com um bilhete preto. Eu fui na Caixa, o gerente riu da minha cara”, se diverte Cleber.

Por sorte, ele não precisou recorrer à Justiça. Uma auditoria da Caixa resolveu o problema: “Atrás do bilhete tinha a numeração, que comprovava que o bilhete tinha sido feito no mesmo dia e na mesma hora que eu falei”, conta.

Mesmo com o bilhete queimado, Cleber ganhou R$ 25 mil. Foi difícil, mas Ivanil e Cleber receberam seus prêmios. Mas e aqueles que ganham e nem ficam sabendo?

“Eu não confiro. Eu jogo sem fé”, brinca a cozinheira Leozina Cardoso.

Segundo a Caixa Econômica Federal, muitos apostadores ganham, mas não aparecem para receber. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses o valor de prêmios não resgatados é de R$ 233,5 milhões. Provavelmente, em muitos casos, são pessoas que fazem as suas apostas, mas esquecem de conferir o resultado. Será que isso poderia acontecer com você?

É bom ficar atento e tomar alguns cuidados: “O ideal é que o apostador guarde o bilhete em um local seguro, que só ele tenha acesso. Que ele evite ao calor excessivo, água, óleo, amassados, queimados, para que o bilhete conserve suas características originais”, explica o gerente de loterias da Caixa Econômica Federal, Edilson Carrogi.

Além dos números apostados, devem estar visíveis também a data e a hora da aposta, o número do concurso e o número do bilhete no verso. E se você ganhar e não buscar o seu dinheiro em 90 dias, os prêmios vão para um fundo do Ministério da Educação que financia bolsas de estudos para alunos do Ensino Superior.

É bom lembrar também que seguir a estratégia do Ivanil, do Cleber e da Griselda, da novela, de jogar sempre os mesmos números, não é garantia de mais sorte: “A probabilidade é sempre a mesma, porque os sorteios são absolutamente independentes entre si. Então, se ele joga sempre com os mesmos números ou com números diferentes, a probabilidade de ganhar é a mesma”, explica Edilson Carrogi.

“Eu continuo jogando nos mesmos números, quem sabe um dia a sorte não sorri para mim de novo?”, diz Ivanil Espínola.

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