CÂMARA DE IBICARAÍ

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Anderson, Okami, aspirações e conspirações

Silva e Okami se enfrentaram em 2006

O mais eficiente peso por peso do mundo, capaz de absorver influências até em jogos de videogame e filmes clichês de kung fu, frente ao discreto - mas dedicado - asiático, com padrão meticuloso de luta.
Muito tem se falado da revanche entre Anderson Silva e Yushin Okami, a principal do UFC Rio (27 de agosto), como um tipo de Davi x Golias puramente decepcionante, desenhado para não 'estragar a festa' e reforçar o status de supercampeão incontestável dos últimos cinco anos ao brasileiro.
Como os desafios de Silva contra o canadense Georges St. Pierre (campeão dos meio-médios) e Jon Jones (campeão dos meio-pesados) ainda são utópicos e dependem de catchweights (ajustes de peso) mais trabalhados, em análise rápida pelos médios, restaria na categoria a revanche contra Chael Sonnen - atleta que mais ameaçou a invencibilidade de Anderson no octógono -, como desafio mais imediato. Mas o falastrão ainda está suspenso por doping e precisa se livrar do processo por lavagem de dinheiro.
Daí pra frente, a limpeza feita pelo brasileiro frente aos desafiantes exponenciais credenciou Okami como uma das únicas saídas. A nova luta contra o japonês esteve outras vezes em pauta, mas foi sistematicamente negada pela cúpula do UFC. Além de ambições tímidas e típicas das escolas orientais de luta, Okami vive quase recluso e tem baixo apelo de marketing. Seu único trunfo é a vitória — na verdade, a desclassificação do Silva após chute ilegal no Rumble On The Rock (2006) — fato que ao menos lhe garante diferencial que nenhum outro oponente teve contra o Spider no Ultimate.
Nas entrelinhas, o tira-teima pode render outros fatos inusitados. Okami lutou e foi derrotado por Chael Sonnen (UFC 104, em outubro de 2009). Após o revés, se tornou parceiro de treinos do norte-americano (assista ao vídeos abaixo) e o tem como 'espelho' no MMA. Se reativada, a parceria fatalmente dará margem para campanhas e análises 'anti-Spider'.
"Você tem de procurar a melhor pessoa para treinar, ele escolheu mal. Jamais me alinharia a um perdedor, em todos os sentidos. Não ganhou a luta,  foi pego no doping, processado por várias coisas e suspenso do UFC. Quer ser campeão? Alie-se a pessoas vencedoras" metralhou Anderson, em entrevista recente ao jornal O Globo.
"Além do mais, Sonnen não foi adversário duro para mim. Estava machucado, com a costela trincada, e lutei cinco rounds. Se não, a luta teria sido outra", emendou.
Com bagagem sólida no grappling, o asiático sabe que a melhor saída para vencer é apostar em colocar o campeão com as costas no chão. Mesmo com o sólido padrão defensivo de jiu-jitsu já demonstrado em outras oportunidades, desta forma Silva apanhou severamente durante mais de 23 minutos de Sonnen, antes de arrancar a vitória histórica no final após encaixar o triângulo (estrangulamento com as pernas) salvador. As dificuldades do campeão na situação deram amostras aos desafiantes sobre um dos caminhos mais plausíveis a serem explorados com relativo sucesso.
Possivelmente distante de espetaculoso, a intenção do UFC com o combate pode ser também a de ampliar esforços e alavancar ainda mais a popularidade mundial adquirida pelo campeão nos últimos meses, fato perseguido há anos pelos promotores do evento. Normalmente desinteressado em entrevistas e sempre na dependência de tradutores para o inglês, no Brasil Anderson virou celebridade entre o público não-especializado recentemente, após a vitória mítica sobre Vitor Belfort (nocaute no primeiro round com chute frontal no queixo).
Conspirações à parte, qualquer fã de MMA sabe que Okami corre (bem) por fora e terá de se superar para enfrentar o melhor do mundo dentro do caldeirão brasileiro. Se as vitórias passadas no Ultimate contra Mark Muñoz e Nate Marquardt - além do triunfo sobre Silva por desclassificação - farão a diferença a seu favor, saberemos em breve. Resta, realmente, desejar boa sorte.

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