CÂMARA DE IBICARAÍ

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terça-feira, 12 de junho de 2012

'Prisão temporária de Elize é ilegítima', diz advogado

Defensor entrou com pedido de liberdade na Justiça em Cotia, Grande SP.
Mulher confessou matar e esquartejar marido; ela está presa em Itapevi.

Kleber Tomaz Do G1 SP

A defesa de Elize Araújo Kitano Matsunaga, de 30 anos, entrou na segunda-feira (11) com um pedido de liberdade na Justiça em Cotia, na Grande São Paulo, para que a viúva do diretor da Yoki Marcos Kitano Matsunaga, de 41 anos, indiciada pelo assassinato do marido, responda pelo crime solta. “A prisão temporária é prisão para investigação, quando o indiciado tem de ficar preso para não atrapalhar as investigações. O delegado disse que as investigações se encerraram. Desse modo, a prisão temporária de Elize é ilegítima", disse o advogado da viúva, Luciano Santoro, nesta terça-feira (12) ao G1.
O empresário foi morto com um tiro na cabeça e esquartejado com uma faca na noite de 19 de maio no apartamento do casal, na Zona Oeste da capital paulista. No dia 27 do mês passado, pedaços do corpo foram encontrados em sacos plásticos em Cotia.
Elize está presa temporariamente, por determinação do juiz Théo Assuar Gragnano, desde 5 de junho. O prazo da prisão é de 30 dias. Ela confessou ter matado o marido e está detida na Cadeia Pública de uma delegacia em Itapevi, também na Grande SP.

Até por volta das 12h, o Tribunal de Justiça em São Paulo (TJ-SP), não tinha informações sobre se o juiz em Cotia havia recebido o pedido de liberdade.

Para a Polícia Civil, após ouvir o depoimento de nove pessoas, a investigação concluiu que o crime foi passional e não premeditado. Elize contratou um detetive particular que flagrou Marcos traindo a mulher com uma garota de programa, função que a indiciada também exercia até conhecer o executivo. Em seu interrogatório no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), a viúva disse que discutiu com Marcos ao descobrir a traição e que só atirou com uma pistola após ter sido ofendida e agredida por ele. Ela levou cerca de quatro horas para desmembrar o corpo e colocar em três malas. A faca e as malas ainda não foram encontradas. A arma passa por perícia.
A filha do casal, uma menina de pouco mais de 1 ano de idade está com uma tia materna no prédio onde ocorreu o crime.
Elize foi indiciada (responsabilizada formalmente pelo crime) por homicídio duplamente qualificado, por motivo cruel e fútil, e ocultação de cadáver.
O delegado Jorge Carrasco, diretor do DHPP, adiantou que deve relatar o inquérito ainda nesta semana à Justiça com um pedido de conversão da prisão temporária de Elize para preventiva, o que significa que ela pode ficar detida até um eventual julgamento. Segundo a polícia, restam apenas anexar os laudos periciais conclusivos da Polícia Técnico Científica. Entre os resultados dos exames que são aguardados, estão os feitos pelo Instituto de Criminalística (IC), sobre qual foi a arma do crime, e do Instituto Médico Legal (IML), que realiza exame de DNA para identificar o sangue achado no apartamento do casal. Outros laudos que restam são o necroscópico e a de local de crime.
Requisitos da prisão
A defesa de Elize também questiona a possibilidade de que a sua cliente tenha a permanência prolongada na cadeia por causa da conversão da prisão. “Quanto à intenção da polícia em pedir a Justiça a conversão da temporária para preventiva, não há requisitos para isso. Os requisitos para a preventiva são: risco de fuga do indiciado se ele estiver em liberdade, atrapalhar a produção da prova e reiterar a prática do crime. Nenhum dos três requisitos está presente", disse o advogado Luciano Santoro.

Para Santoro, Elize poderia ter fugido antes e agora não o faria se for colocada em liberdade.  "Elize teve 15 dias para fugir, do dia 20 ao dia 4, quando foi decretada a prisão dela, e não o fez. Ela colaborou, participou das diligências, indicou os locais por onde passou, colaborou na produção da prova. Enfim, é ilógico pensar que ela também possa reiterar a prática do crime porque a vítima está morta”, disse o advogado da viúva, Luciano Santoro.
Segundo Santoro, sua cliente jamais teve intenção de matar o marido. “Foi um ato impensado. O início da discussão se deu pela traição. Ele negou, ela colocou a questão do detive, ele deu tapa na cara dela, a ofendeu, a humilhou, ela pegou a arma, ele disse que ela era fraca, que iria falar que era garota de programa e tiraria a filha dela e ficaria com a guarda da criança, que tinha dinheiro. Ela se sente arrependida. Ela disse que se pudesse voltar no tempo jamais teria apertado o gatilho”, contou Santoro.
Nova Versão arte Yoki - 11/06 (Foto: Arte/G1)
Da traição ao crime
Elize, que já disse em interrogatório ter sido traída pelo marido havia dois anos, quando soube que ele se envolveu com uma funcionária da Yoki, passou a desconfiar de Marcos quando ele saía de casa. Ela contratou um detetive, que passou a seguir o empresário e o filmou e o fotografou na companhia de uma outra mulher.
A garota de programa já prestou depoimento no DHPP e confirmou o envolvimento amoroso com a vítima. Ela falou na sexta-feira (8) que chegou a ganhar um carro Pajero, avaliado em R$ 100 mil, do diretor.
No dia da gravação, Elize estava viajando para o Paraná, onde mora a mãe. As imagens chegaram ao conhecimento dela no dia 19 de maio. No mesmo dia, ela questionou o marido sobre a descoberta da traição. A mulher disse, em depoimento à polícia, que o marido ficou irritado com a "audácia dela de colocar um detetive atrás dele com o dinheiro dele" e a chamou de "vadia e vaca". Segundo Elize, ele ficou nervoso, se levantou e deu um tapa no rosto dela.
A jovem contou que o marido ameaçou "sumir com a filha" e interná-la "para que ela não levasse a filha para longe dele". Foi nesse momento que Elize afirma ter apontado para a cabeça do marido uma pistola 380, que o próprio Marcos Matsunaga havia dado de presente à mulher e que estava em uma cômoda da sala. Ela relatou que o executivo "começou a rir e a chamá-la de fraca e burra" e que voltou a ameaçá-la: "Disse que a vara da família ia saber que ela era prostituta e que ela não tinha condições de ficar com a filha".
Dez horas depois do crime, ela cortou o corpo de Marcos em pedaços. Por volta das 11h do dia seguinte, Elize apareceu em imagens gravadas no elevador de serviço, com três malas, deixando o prédio na Vila Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo. Ela disse à polícia que iria para o Paraná, mas resolveu voltar.
Os pedaços do corpo de Marcos foram jogados em cinco lugares diferentes na região de Cotia. As malas foram jogadas em uma caçamba e a faca, na lixeira de um shopping.

Doze horas depois de sair de casa, ela reaparece nas imagens do elevador do prédio sem as malas.
Quando Elize voltou para casa, no domingo à noite, uma das três empregadas do casal, estava no apartamento. A funcionária diz que não notou nada diferente quando chegou, mas que, no dia seguinte, Elize fez pedidos incomuns. “Lavar os lençóis, lavar o cobertor, tirar capa de edredom. Aí eu falei pra ela ‘dá pra esperar um pouquinho mais tarde?’ Ela falou: ‘Não, vamos tirar agora.’ Aí eu fui até o quarto com ela e tirei”, contou.
A mulher diz que notou a ausência do executivo e perguntou pelo patrão. "Eu coloquei a mesa do café, ela tomou café, eu perguntei: ‘O seu Marcos não vai tomar café?’ Ela falou: ‘Não, ele não dormiu em casa’. Chegou a hora do almoço, eu coloquei dois lugares como sempre. Ela almoçou, tornei a fazer a pergunta. ‘Ele não vem almoçar?’ ‘Não, ele não vem almoçar’. Na hora da janta eu fiz a mesma pergunta: ‘Eu coloco dois lugares ou um?’ ‘Não, coloca os dois, de repente ele aparece pra almoçar, pra jantar.’ E aí ele não apareceu, e a gente parou de fazer pergunta.”

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