Por Lenildo Alves Santana
Graduado em economia pela UESC, licenciado em Matemática pela UESC, pós-graduado em economia de empresas pela UESC.Professor da rede pública estadual.
O modelo de desenvolvimento
baseado na indústria não é esperança apenas do nosso município, a rapidez com
que os empregos são gerados e as oportunidades que a indústria oferece encanta
a mente de munícipes em todos os cantos do país, principalmente nas pequenas
cidades cuja oportunidade de trabalho no segmento urbano industrial e bastante
limitada.
E para o segmento industrial que
os incentivos mais robustos dos governos são dispensados, por outro lado a
indústria tende sempre a se instalar onde os meios de produção são mais fartos,
mais baratos e mais fáceis de serem escoados, concentrando grande parte destes
empreendimentos em regiões de grandes metrópoles, desenvolvidas e desencontradas
das necessidades de boa parte da população.
Traço esse cenário para que
possamos fazer uma reflexão juntos sobre a quantidade de empregos que dispomos
hoje na indústria e no campo com a perspectiva de contribuir para criar um
debate sobre as ações governamentais que sejam capazes de fortalecer a nossa
economia e direcionar o nosso desenvolvimento econômico.
Dados do censo demográfico de
2010 (último realizado) apontam que naquele ano 1.650 pessoas estavam ligadas
ao trabalho em serviços, vendedores de comercio e mercados, 765 na indústria de
transformação e 1246 em atividades não especializadas de agricultura, pecuária
e extrativismo na cidade de Ibicaraí. Já em 2019 o IBGE apontava que Ibicaraí
ocupava a 177 posição no ranking de pessoas ocupadas no estado da Bahia e a 8
posição na região geográfica composta por 22 cidades.
Levando em consideração que o
segmento rural por diversos fatores acaba por não formalizar a relação de
trabalho e que em grande parte o trabalho e realizado por membros da família
que não se identificam como trabalhadores rurais, podemos afirmar de forma
muito clara que o potencial de geração de emprego e renda pela agricultura e pecuária
no município é imensamente maior que o gerado pela indústria, contudo os
esforços governamentais são para a atração de uma grande indústria para o
município e nenhum incentivo para a ampliação do trabalho no campo.
Diversas cidades do sul, centro-oeste
e sudeste tem suas economias sustentadas pela atividade rural, muitas delas com
ênfase na agricultura familiar, projetos de incentivo à agricultura, piscicultura,
avicultura e criação de pequenos animais são usados como elementos propulsores
da economia local, os investimentos realizados na atividade rural acabam por
retornar as áreas urbanas através da compra de insumos e implementos e pelo
gasto das famílias no atendimento de suas necessidades de subsistência.
Os gastos com assistência
técnica, fomento a aquisição de insumos, pequenas construções de uso coletivo,
manutenção de estradas, moradias, energia e comunicação se mostram mais
possíveis de serem realizados pelos pequenos municípios do que os investimentos
capazes de atrair grandes indústrias, além do fato de que os gastos efetuados
em pequenas propriedades permanecem no município, enquanto que incentivos
fiscais ou financeiros a grandes industrias vão beneficiar as cidades onde
estão localizadas as sedes das grandes empresas.
Outro aspecto que precisamos
levar em consideração é que de maneira geral a defesa do incentivo para atração
de uma grande empresa para a cidade se contradiz com ausência de qualquer
incentivo para fortalecer as dezenas de pequenas empresas existentes no local e
que juntas geram um número de empregos muitas vezes condizente com uma grande
empresa na cidade, contudo inexiste quaisquer políticas para fomentar estas
pequenas empresas.
Sem apoio, sem incentivo perdemos
diversas oportunidades de gerar empregos sem estabelecer nenhuma política de
apoio para os nossos pequenos empresários, que se veem muitas das vezes
completamente sozinhos enfrentando adversidades que poderiam muito serem
solucionadas com políticas e planejamento coletivo.
Precisamos estabelece políticas públicas
de incentivo permanente e continua para agricultura familiar como forma de
gerar emprego e renda para a nossa população. Os recursos tecnológicos de
produção no campo avançaram muito dando condições ao trabalhador de produzir
mais sem os sacrifícios a que foram expostos nossos pioneiros rurais que se
submeteram a condições extremamente adversas para desmatar a floresta e fazer a
roça de cacau, hoje se produz mais com menos terra, com mais tecnologia e menos
trabalho físico, com menos riscos, mais condições de ganho econômico e mais
condições ambientais.
A união da sociedade na defesa de um projeto econômico de médio e longo prazo pode ser a saída para a geração de emprego e renda no nosso município.
Ótimo texto !
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