CÂMARA DE IBICARAÍ

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domingo, 2 de dezembro de 2012

Senhora de 62 anos diz que foi presa por engano em São Paulo

Dona Dorinha é acusada de participar de um assassinato em 2005, em Pernambuco. Um pedido de liberdade provisória foi negado porque, segundo a polícia, a pessoa presa possui os mesmos dados de identifi

O Fantástico conta a história de uma senhorinha que está presa no interior de São Paulo. Ela diz que foi confundida com uma mulher chamada Maria da Foice e jura que não cometeu crime algum.

Uma família destruída, que tem uma única certeza. “Minha mãe é honesta e não deve nada”, afirma o filho de Maria das Dores, Adriano Lima Pinheiro.

Maria das Dores Lima Pinheiro, quatro filhos, oito netos, moradora de Pirapozinho, 24 mil habitantes, a 600 quilômetros da capital paulista. A dona de casa está presa há dois meses, acusada de um crime que, segundo os parentes, ela não cometeu.

No dia 28 de setembro, dois investigadores em um carro de polícia tinham uma missão: prender Maria das Dores, conhecida como dona Dorinha, de 62 anos. Ela estava cuidando da mãe, de 90 anos, e do irmão doente.

Os policiais tinham um mandado de prisão. Nome, endereço, data de nascimento. Tudo conferia. Dona Dorinha foi presa, acusada de participar de um assassinato em 2005, em Pernambuco.

Para a família, um absurdo. “O único lugar mais longe que ela foi, foi em Aparecida, na Basílica de Aparecida, há uns cinco, seis anos”, conta a filha de Maria das Dores, Rosangela Aparecida Pinheiro Perussi.

Para tentar esclarecer essa história, o repórter Amorim Neto esteve na cidade onde aconteceu o crime: Tacaimbó, no agreste de Pernambuco, a mais de 2700 quilômetros da cidade de dona Dorinha.

Outubro de 2005. Antônio José da Silva, líder do MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, é assassinado.

Antônio foi morto a facadas durante uma discussão na estrada, a três quilômetros do centro da cidade de Tacaimbó. O que ainda marca o cenário do crime é o que sobrou de uma capelinha feita em homenagem a ele.

Testemunhas acusaram duas pessoas: uma senhora, conhecida na região como “Maria da Foice”, e o sobrinho dela, Geraldo Miguel da Silva, que já foi preso.

Sexta passada (30), o Fantástico localizou uma das principais testemunhas do crime. Ela é irmã de Geraldo Miguel da Silva e sobrinha da tal Maria da Foice.

“Ela tinha tipo de homem. Quando bebia, ficava valente. Terminou nisso aí. O apelido de Maria da Foice é porque ela pegou uma briga mais o marido dela. Aí foi parar na delegacia e por isso que ficou conhecida assim”, conta a sobrinha de Maria da Foice, Maria da Silva.

Logo depois do assassinato, a acusada fugiu. Segundo a Justiça de Pernambuco, na época, parentes da Maria da Foice passaram os seguintes dados dela para a polícia: nome, local, data de nascimento, e RG. Todos exatamente iguais aos da dona Dorinha, a senhora do interior paulista, que teve a prisão decretada.

“Todos os dados da sua qualificação são corretos. Então, é uma situação atípica. Agora, é um erro”, afirma o advogado de dona Dorinha, João Postigo.

O certo é que, recentemente, parentes da própria Maria da Foice entregaram uma foto à Justiça, dizendo se tratar da verdadeira assassina.

Será que ela é parecida com a dona Dorinha?

“Essa senhora não tem nada a ver com a dona Dorinha. Nada a ver”, defende a sobrinha de Maria da Foice, Maria da Silva.

“Ela não é minha tia e é diferente. O nariz dela, os olhos”, diz a sobrinha.

Antônio José dos Santos, filho do líder assassinado dos Sem Terra, também é taxativo.

“A mulher que matou meu pai é essa de branco. Eu conheci ela, só andava em um jeguinho branco direto aí. Agora, essa daqui tá presa inocente”, fala ele ao comparar duas fotos.

Mas onde então estaria a verdadeira Maria da Foice?

“A gente nunca mais soube notícia dela não. De jeito nenhum”, diz a sobrinha Maria.

Presa há dois meses em uma cadeia em Tupi Paulista, interior de São Paulo, dona Dorinha divide cela com duas acusadas de tráfico de drogas.

“A minha mãe se dedicou à família e agora fica achando que está demorando”, diz a filha de Maria das Dores.

Sexta passada, o Fantástico informou o teor desta reportagem ao Tribunal de Justiça de Pernambuco e ao juiz do caso, Hildemar Macedo de Moraes.

O Tribunal de Justiça disse que, em 31 de outubro, foi negado um pedido de liberdade provisória para dona Dorinha, porque "a pessoa presa em São Paulo possui os mesmos dados de identificação da suposta autora do crime".

Cinco dias atrás, a defesa entrou com um novo pedido e a decisão saiu neste domingo (2), no fim da madrugada. Agora, o juiz determinou que ela fique em liberdade até o fim do processo.

Por telefone, ele disse que, na semana passada, um oficial de justiça mostrou as fotos de dona Dorinha e da suposta Maria da Foice para as testemunhas do crime.

“As testemunhas informaram que não era a mesma pessoa”, afirma o juiz Hildemar Moraes.

Para o juiz Hildemar Macedo de Moraes, a Justiça não foi lenta e o assassinato ainda está sendo investigado: “Eu tenho certeza que a gente vai conseguir elucidar essa situação”.

Dona Dorinha deve sair da cadeia nesta segunda (3). No próximo dia 13, ela estará em Tacaimbó, para ficar frente a frente com as testemunhas do processo.

“Cabe a nós provar a inocência dela. Vamos chegar”, afirma Postigo, o advogado de dona Dorinha.

“Ela não se conforma porque está presa, pagando por um crime que ela não cometeu”, lamenta Rosangela Aparecida.

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