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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Argentina de inflação exorbitante faz "hermanos" invadirem o Brasil para "tour de compras"


FONTE Estadão.com.br

 Argentinos invadem Uruguaiana para fazer compras e economizar até 50%

Os hermanos veem os produtos do Brasil baratos para eles e chegam para fazer as compras aqui. Os preços na Argentina são três vezes mais altos 

Diferença cambial, inflação e valorização do peso argentino tornam o Brasil destino preferido para consumidores do país vizinho

O fluxo de argentinos cruzando a fronteira com o Brasil para fazer compras nunca foi tão intenso. 

Em busca de preços mais baixos, moradores de Paso de los Libres e até de cidades mais distantes, como Mercedes, enfrentam longas filas de até quatro horas para atravessar a ponte internacional rumo a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

O motivo? Economia. Produtos de supermercado, itens de higiene, eletrodomésticos e até papel higiênico custam até metade do preço em relação à Argentina. “Compro tudo: sabão em pó, arroz, bolacha. O preço aqui é muito melhor”, diz a contadora Florencia Del Bove, que faz o trajeto semanalmente para se abastecer em um hipermercado brasileiro. 

Um exemplo é o leite longa-vida, que custa R$ 3,80 em Uruguaiana, enquanto em Paso de los Libres chega a R$ 9.

Mesmo considerando o custo da viagem, o bate-volta representa uma economia de cerca de 50%. O fenômeno é explicado por fatores econômicos recentes: a inflação argentina caiu de 25,5% em dezembro de 2023 para 2,7% em dezembro de 2024, mas sobre preços já muito elevados. 

Além disso, o controle cambial do governo argentino valorizou o peso em relação ao dólar, enquanto o real perdeu força, tornando o Brasil ainda mais atrativo para os “hermanos”.

Crescimento recorde no fluxo de argentinos

O impacto é visível nas estatísticas. Segundo o Observatório das Migrações Internacionais, o número de argentinos que entraram no Brasil saltou 58,3% em dezembro de 2024 em comparação com o mesmo mês do ano anterior, passando de 160.875 para 254.737. Só pelo Rio Grande do Sul, foram quase 93 mil argentinos, um aumento de 102,2%.

O movimento não se restringe às compras. O Brasil também se tornou o destino preferido para as férias de verão. A vendedora Mónica Suárez, por exemplo, desistiu de viajar para Ituzaingó, na Argentina, ao descobrir que uma semana no Brasil custaria menos da metade do valor.

Crise no comércio argentino

Enquanto o comércio de Uruguaiana prospera, do outro lado da fronteira o cenário é desolador. Lojas em Paso de los Libres estão vazias, com queda nas vendas e redução de estoques. 

O impacto é ainda mais severo em Bernardo de Irigoyen, na fronteira com Santa Catarina e Paraná, onde o comércio registrou uma redução de até 80% nas vendas, resultando em demissões e fechamento de estabelecimentos.

“O movimento caiu drasticamente. Antes, os brasileiros vinham todo mês fazer compras aqui. Agora, somos nós que vamos para o Brasil”, relata Umeres, comerciante de Paso de los Libres.

Boom para o comércio brasileiro

O aumento da clientela argentina levou comerciantes brasileiros a se adaptarem. 

Supermercados passaram a aceitar pesos argentinos, contratar funcionários bilíngues e focar em produtos de interesse dos vizinhos. O uso do Pix também se popularizou entre os argentinos, facilitando as transações.

O impacto positivo é comemorado. “Espero que eles continuem vindo gastar aqui, porque estamos batendo metas e recebendo bonificações”, diz Lidiane Zárate, gerente de um free shop em Uruguaiana.

O efeito Milei na economia argentina

O presidente argentino, Javier Milei, atribui parte da mudança à sua política econômica. Em pronunciamento recente, destacou a queda da inflação, o fim da recessão e o superávit fiscal. 

As reformas para 2025 incluem a redução de impostos em 90% e a liberalização do câmbio. Apesar dos avanços, o efeito imediato para o consumidor argentino é a busca por preços mais acessíveis no Brasil.

Enquanto a economia argentina tenta se reequilibrar, o Brasil se beneficia de um fluxo constante de consumidores dispostos a atravessar fronteiras para economizar. E, pelo visto, essa tendência ainda vai longe.

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